Formiga / MG - sexta-feira, 19 de abril de 2024

Hipertireoidismo



O que é tireóide?      

Tireóide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço abaixo da cartilagem que vulgarmente chamamos de pomo de adão ou gogó. Essa glândula é muito importante para o bom funcionamento de todas as células do nosso corpo, pois produz 2 hormônios chamados de T3 e T4 que atuam em nossas células desde a unha do pé até o fio do cabelo. Esses hormônios não têm uma ação específica, mas são considerados importantes auxiliares no trabalho de todas as células regulando assim nosso metabolismo.

 

O que é hipertireoidismo?

É uma doença decorrente da alta produção dos hormônios tireoidianos. Com  quantidade aumentada dos hormônios tireoidianos nossas células trabalham aceleradamente, de forma rápida e desorganizada, deixando o metabolismo aumentado.

 

O que é hipertireoidismo primário?

É quando o problema em produzir excessivamente os hormônios tireoidianos está relacionado com a própria glândula tireóide.

 

O que é hipertireoidismo secundário?

É quando o problema em produzir excessivamente os hormônios tireoidianos tem relação com outra glândula chamada hipófise. Essa glândula comanda a tireóide como também várias outras glândulas do nosso organismo. O excesso do hormônio produzido pela hipófise chamado hormônio estimulador da tireóide (TSH), faz com que a glândula tireóide aumente a produção seus hormônios (T3 e T4) levando ao hipertireoidismo. 

 

O que é hipertireoidismo franco?

É quando os exames laboratoriais demonstram valores de T3 e/ou T4 acima da referência, e TSH abaixo dos valores normais de referência.

 

O que é hipertireoidismo subclínico?

É quando o exame de TSH está com valores abaixo do normal, mas com T3 e/ou T4 dentro dos valores de referência. Isso indica que glândula tireóide está trabalhando em excesso, mas não a ponto de produzir diariamente a quantidade aumentada dos seus hormônios. Nesta fase, geralmente, as pessoas têm poucos sintomas, ou não sentem nada em relação a disfunção tireoidiana.

 

Se eu tenho hipertireoidismo, os meus hormônios relacionados com a tireóide deveriam estar altos. Por que então o TSH fica abaixo do normal?

Como explicado acima, o TSH não é produzido pela tireóide, mas sim pela hipófise. Essa glândula localizada no centro da cabeça é considera uma das glândulas mais importantes do nosso corpo, pois ela é o centro de comando de várias outras glândulas tais como a tireóide, os ovários, os testículos, as supra-renais, etc. Quando alguma dessas glândulas apresenta disfunção na produção excessiva de seus hormônios, a hipófise entende que não necessita mais enviar “mensangem” (hormônio) para que essa glândula produza mais, pelo contrário, ela vai deixando de produzir seus “mensageiros” (hormônios) na tentativa de fazer com que a glândula acometida pela disfunção diminua a produção dos seus hormônios em excesso. No caso da tireóide o “mensageiro” é o TSH.

 

Por que a tireóide começa a produzir excessivamente seus hormônios T3 e T4?

Na grande maioria das vezes a causa principal do hipertireoidismo é conseqüência de um desequilíbrio do nosso sistema imune, onde os anticorpos que deveriam defender nosso corpo contra organismos invasores, passam inadvertidamente a atacar as células da tireóide. Alguns desses anticorpos (Ex. TRAb) tem afinidade pelos receptores do TSH ligando-se a eles, e fazendo com que a glândula tireoidiana entenda que é necessário aumentar a produção dos hormônios T3 e T4. A esse acometimento damos o nome de Doença de Graves ou hipertireoidismo de Graves, conseqüência de doença auto-imune na tireóide.

Alguns medicamentos como a amiodarona, que é rica em iodo, e o lítio, podem fazer com que a glândula funcione mais que o normal levando ao quadro de hipertireoidismo. Existem também alguns nódulos tireoidianos que produzem um quantidade aumentada de hormônios T3 e T4, e por isso são ditos “quentes” ao exame de cintilografia tireoidiana.

Outra situação que pode cursar com hipertireoidismo, pelo menos na fase inicial é a tireoidite crônica de Hashimoto – doença mais responsável pelo hipotireoidismo. Isso acontece pelo processo inflamatório inicial intenso da glândula tireoide, fazendo com que libere excessivamente na corrente sanguínea todos os hormônios que já foram fabricados e estavam estocados na glândula.

Outros processos inflamatório da glândula como a tireoidite subaguda pode cursar com um período de hipertireoidismo que na maioria das vezes é transitório perdurando próximo de 3 a 6 meses.

Por último, existem algumas situações as quais o paciente apresenta hipertireoidismo, mas não são detectadas as causas, sendo chamadas de hipertireoidismo idiopático.

 

Meu obstetra pediu exame de TSH no início da gravidez e houve diminuição da sua concentração na corrente sanguínea. Isso é considerado hipertireoidismo?

Não necessariamente. Pode se tratar apenas de uma queda fisiológica desse hormônio durante o primeiro trimestre da gestação pelo fato que o beta-HCG – hormônio produzido pela placenta, ter a semelhança estrutural com o hormônio TSH, e assim estimular a glândula tireoidiana a produz um pouco mais de hormônios T3 e T4 no início da gravidez. Essa modificação sábia da natureza é fundamental para o bom desenvolvimento do feto no primeiro trimestre de gestação.

Por outro lado, é importante avaliação médica, pois se a paciente estiver com os exames muito alterados ou com sintomas do metabolismo muito acelerado, pode ser que ela esteja realmente sofrendo de hipertireoidismo e seja necessário tratamento adequado.

 

Quais os sintomas do hipertireoidismo?

A pessoa acometida pelo hipertireodismo pode apresentar por aumento acentuado do metabolismo as seguintes queixas: perda de peso apesar de estar comendo mais que o habitual, agitação, nervosismo, fraqueza, intestino mais solto, pele oleosa, sudorese excessiva, calor acentuado, palpitações cardíacas do taquicardia (batimentos mais acelerados), tremores nas mãos. No caso do hipertireoidismo pela Doença de Graves (tireoidite auto-imune) também poderá aparecer bócio (aumento difuso da glândula tireoidiana) e exoftalmia (olhos mais arregalados – olhar assustado). No entanto, muitas vezes os pacientes podem não ter sintomas algum, ou apresentarem poucos sintomas como no caso dos idosos.

 

O que é bócio?

O bócio, também conhecido como papo, é um aumento acentuado do volume da tireóide causando abaulamento do pescoço. No hipertireoidismo pode ocorrer bócio na Doença de Graves devido estímulo dos anticorpos que se ligam aos receptores do TSH , estimulando dessa forma o crescimento das células tireoidianas.

 

Hipertireoidismo tem tratamento?

Sim. O tratamento pode ser feito de 3 formas:

Medicamentoso: existem 2 medicamentos que podem ser utilizados para bloquear a glândula tireoidiana na produção excessiva dos seus hormônios – o metimazol (tapazol) e o propiltiuracil. Em alguns casos também é importante usar medicações que diminuam os efeitos do excesso dos hormônios tireoidianos no organismo, tais como os beta-bloqueadores (propranolol, atenolol, etc). Esse tipo de tratamento, chamado conservador geralmente leva uns 2 ou mais anos em controlar até suspender todas medicações, e existe a possibilidade de retorno da doença em 50% das vezes até 5 anos após a suspensão dos medicamentos. Há inconvenientes do alguns pacientes não tolerarem os efeitos adversos desses medicamentos.

Iodoradioativo: após haver detectado que a causa do hipertireidismo é a doença de Graves, o tratamento com iodoradioativo é o tratamento de escolha para remissão completa do hipertireoidismo. Ele consiste na ingestão de um líquido rico em iodo acoplado a moléculas radioativas que após serem absorvidos pelo organismo, se concentram na região tireoidiana levando a uma queima lenta e gradual de seu tecido, diminuindo dessa forma a produção excessiva de seus hormônios. O maior inconveniente é o possível desenvolvimento do hipotireoidismo após seu tratamento. No entanto, o tratamento do hipotireoidismo é bem mais tranquilo e essa alteração traz menores conseqüências à saúde comparadas ao hipertireoidismo.

Cirurgia da tireóide: por trazer mais riscos que o tratamento com iodo, essa modalidade de tratamento está mais indicada nos pacientes que apresentam contra-indicações ao tratamento medicamentoso e/ou ao iodoradioativo, bócio muito volumoso, exoftalmia severa, nódulos tireoidianos adjacentes.

 

Mesmo sem sentir nada, tenho que tratar o hipertireoidismo?

deve-se avaliar criteriosamente caso a caso, pois nos pacientes idosos com grande probabilidade de desenvolver problemas cardíacos, ou os que já apresentam tais problemas, ou até os portadores de osteoporose é necessário o tratamento mesmo nos pacientes sem sintomas.

Nos demais pacientes que não apresentam qualquer sintoma de hipertireoidismo e que não foram detectadas as causas da alteração hormonal laboratorial, não há necessidade de tratamento. Faz-se somente acompanhamento evolutivo. Se houver durante o acompanhamento sintomas ou piora laboratorial significativa, então se institui o tratamento.

Observação: somente o médico é capaz de avaliar a necessidade e a modalidade adequada de tratamento de cada paciente. 

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