Formiga / MG - segunda-feira, 11 de agosto de 2025

Cirurgia da Tireóide: Quando é Necessária e O Que Esperar



A cirurgia da tireóide é um procedimento comum realizado para tratar diversas condições que afetam essa glândula crucial. Compreender as indicações, os exames necessários, o pós-operatório e os riscos envolvidos é fundamental para quem considera ou irá realizar esse procedimento.

Nesta seção, o Dr. Ricardo Amim da Costa detalha as informações essenciais sobre a cirurgia da tireóide.


1. O Que é a Cirurgia da Tireóide?

A cirurgia da tireóide, ou tireoidectomia, compreende diferentes procedimentos para remover parte ou toda a glândula tireóide:

  • Ressecção de Nódulo Separadamente: Remoção apenas do nódulo específico.
  • Tireoidectomia Parcial: Remoção de uma parte da glândula.
  • Tireoidectomia Total: Retirada completa da glândula tireóide.

2. Quando a Cirurgia da Tireóide é Necessária?

A decisão de realizar uma cirurgia na tireóide é individualizada e baseada em diversos fatores. As principais indicações incluem:

  • Suspeita ou Confirmação de Malignidade: Quando há nódulos tireoidianos com suspeita ou confirmação de câncer.
  • Sinais de Compressão ou Desconforto:Quando o tamanho da tireóide ou dos nódulos causa compressão de estruturas vizinhas (traqueia, esôfago), levando a sintomas como:
    • Dificuldade para respirar
    • Dificuldade para engolir
    • Rouquidão
  • Bócio Volumoso com Problema Estético: Em casos de aumento significativo da glândula (bócio) que gera um problema estético ou desconforto.
  • Hipertireoidismo: Em alguns casos de hipertireoidismo que não respondem a outros tratamentos.

3. Exames Realizados para Avaliar a Tireóide

Para interpretar as alterações na tireóide e definir a necessidade de cirurgia, é essencial uma avaliação médica completa:

  • Consulta com Endocrinologista: O primeiro passo é uma consulta com um especialista, que fará uma anamnese detalhada (história clínica) e um exame físico, incluindo a palpação da tireóide.

  • Exames Complementares:

    • Exame de Sangue com Dosagem de Hormônios Tireoidianos:

      • TSH (hormônio tireoestimulante): Indicador primário da função tireoidiana.
      • T4 livre (tiroxina): Mede a forma ativa do hormônio tireoidiano.
      • Em alguns casos, T3 (triiodotironina) também pode ser solicitado.
    • Ultrassonografia da Tireóide:

      • Avalia a presença de nódulos tireoidianos.
      • Fornece informações cruciais sobre tamanho, localização e características dos nódulos (forma, bordas, ecogenicidade, presença de microcalcificações), auxiliando nas decisões cirúrgicas.
      • O Doppler associado ao ultrassom mostra a vascularização dos nódulos, o que pode ajudar a diferenciar nódulos benignos de malignos.
    • Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF) Guiada por Ultrassonografia:

      • É o melhor exame para determinar se um nódulo é benigno ou maligno, coletando células do nódulo para análise citopatológica.
    • Cintilografia da Tireóide:

      • Neste exame, o paciente ingere um comprimido ou líquido com uma pequena quantidade de iodo radioativo (I-131).
      • Ajuda a avaliar a funcionalidade dos nódulos (se são "quentes" – produtores de hormônios – ou "frios" – não produtores) e a presença de tecido tireoidiano.

4. Todos os Nódulos da Tireóide Precisam de Cirurgia?

Não! O tratamento depende fundamentalmente dos resultados dos exames. A maioria dos nódulos tireoidianos é benigna e não necessita de cirurgia, apenas de acompanhamento clínico regular. Nódulos na tireóide são muito frequentes, principalmente em pessoas acima dos 50 anos de idade.


5. O Que Acontece Depois de uma Cirurgia da Tireóide?

O período pós-operatório varia conforme a extensão da cirurgia e a condição original do paciente.

  • Reposição Hormonal:

    • Na maioria dos casos, especialmente após uma tireoidectomia total, o paciente precisará de reposição hormonal com levotiroxina (hormônio tireoidiano sintético), em forma de comprimidos, por toda a vida.
    • Em tireoidectomias parciais ou em casos de nódulos isolados e benignos, pode ser que o restante da glândula consiga manter a produção hormonal normal, não sendo necessária a reposição imediatamente, mas exigindo acompanhamento periódico dos níveis hormonais.
  • Consultas de Pós-Operatório: É essencial dar continuidade às consultas com um endocrinologista ou cirurgião de cabeça e pescoço para monitoramento e ajustes.

  • Risco de Hipocalcemia (Baixo Cálcio no Sangue):

    • As glândulas paratireoides, que regulam o metabolismo do cálcio, estão localizadas muito próximas à tireóide. Durante a cirurgia, elas podem ser lesionadas ou, em casos de tireoidectomia total, podem ter seu funcionamento temporariamente comprometido.
    • Isso pode levar à queda de cálcio no sangue (hipocalcemia), com sintomas como formigamento (especialmente ao redor da boca e nas mãos/pés), contração muscular e, em casos graves, convulsões.
    • A reposição de cálcio e vitamina D pode ser necessária e deve ser avaliada por um médico.
  • Em Casos de Nódulo Maligno:

    • Após a cirurgia para remoção da glândula e, por vezes, dos gânglios linfáticos adjacentes acometidos pelo tumor (procedimento conhecido como "esvaziamento cervical"), os pacientes podem receber iodo radioativo (Iodo-131).
    • O objetivo é destruir restos tumorais e restos de células sadias da tireóide que possam ter permanecido no pescoço.
    • Após esse procedimento, os pacientes passam a ter hipotireoidismo e necessitam da reposição de hormônios tireoidianos na forma de comprimidos ao longo de toda a vida.

6. A Cirurgia da Tireóide Tem Riscos?

Como qualquer intervenção cirúrgica, a cirurgia da tireóide envolve riscos, embora o índice de complicações seja relativamente baixo (0,4% a 5%). Os riscos mais comuns incluem:

  • Alterações da Voz:

    • Pode ocorrer por lesão do nervo laríngeo recorrente, que é responsável pelos movimentos das cordas vocais e está muito próximo à glândula tireóide.
    • Pode variar de uma rouquidão temporária a uma alteração permanente.
  • Hematoma:

    • Pode haver um acúmulo de sangue no local da cirurgia, formando um hematoma.
    • Cursa com dor e, em casos mais graves, dificuldade para respirar.
    • Precisa ser avaliado imediatamente pelo cirurgião. Às vezes, é necessária uma nova cirurgia de urgência para drenagem.
  • Hipocalcemia:

    • Ocorre por lesão nas glândulas paratireoides (conforme explicado acima) ou pela retirada total da tireóide, levando à baixa de cálcio no sangue.
  • Cicatriz no Local da Cirurgia:

    • Na maioria das vezes, as cicatrizes são discretas e ficam bem posicionadas na dobra do pescoço.
    • Em pessoas com tendência à formação de queloide (cicatriz elevada e saliente), a cicatriz cirúrgica pode ser uma complicação estética.
    • A exposição direta ao sol deve ser evitada por um período de até 4 meses após a cirurgia para garantir uma melhor cicatrização.

Todas as pessoas que irão fazer uma cirurgia de tireóide devem estar cientes desses riscos e discuti-los detalhadamente com seu médico.


Fonte: Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço - SBCCP

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