Ginecomastia: Entenda o Aumento das Mamas Masculinas

A ginecomastia, o aumento das mamas em homens, é uma condição comum que pode gerar preocupação e desconforto. Embora seja geralmente benigna, compreender suas causas e quando procurar ajuda médica é fundamental.
Nesta seção, o Dr. Ricardo Amim da Costa explica o que é a ginecomastia, suas causas, diagnóstico e opções de tratamento.
Ginecomastia é o desenvolvimento excessivo da glândula mamária masculina.
- Características: Geralmente, apresenta-se como uma massa móvel abaixo da aréola, que pode ou não ser dolorosa. Pode aparecer em apenas uma mama (unilateral), mas é mais comum que ocorra nas duas mamas (bilateral).
- Natureza: É uma condição benigna e, em muitos casos, autolimitada (resolve-se espontaneamente).
Fases Fisiológicas da Ginecomastia:
A ginecomastia é considerada fisiológica (normal) em três fases da vida masculina devido a flutuações hormonais:
- Período Neonatal: Logo após o nascimento.
- Período Puberal: Durante a puberdade.
- Senil: Na velhice.
1.1. Prevalência da Ginecomastia:
- Período Neonatal (após nascimento): 60% a 80% dos recém-nascidos do sexo masculino.
- Puberal (puberdade): 50% a 70% dos adolescentes.
- Senil (velhice): Aproximadamente 40% dos homens.
2. O Que Causa a Ginecomastia?
A ginecomastia geralmente se desenvolve devido a um desequilíbrio na relação entre os hormônios masculino (androgênio) e feminino (estrogênio). Há um predomínio relativo do estrogênio sobre o androgênio.
Além das causas fisiológicas já citadas, existem diversas outras causas, que podem ser classificadas em:
2.1. Causas Conhecidas de Desequilíbrio Hormonal:
- Obesidade: O tecido adiposo pode converter androgênios em estrogênios.
- Cirrose Hepática: O fígado é responsável pela metabolização hormonal, e sua disfunção pode alterar o equilíbrio.
- Realimentação Pós-Desnutrição: Após períodos de desnutrição severa, o corpo pode apresentar um desequilíbrio hormonal durante a recuperação.
- Disfunção da Tireóide (Hipertireoidismo): O excesso de hormônios tireoidianos pode alterar o metabolismo hormonal.
- Tumores: Certos tumores (testiculares, suprarrenais, hipofisários) podem produzir hormônios que causam ginecomastia.
- Problemas Genéticos/Síndromes:
- Síndrome de Klinefelter.
- Síndrome do Excesso de Aromatase Familiar.
- Insensibilidade Androgênica Congênita.
- Hiperplasia Adrenal Congênita.
- Hermafroditismo.
- Falência Testicular: Diminuição da produção de androgênios pelos testículos (congênita ou adquirida).
- Problemas na Glândula Hipofisária: A hipófise regula a produção de hormônios sexuais.
- Medicações:Uma vasta gama de medicamentos pode causar ginecomastia como efeito colateral, incluindo:
- Hormônios (androgênios, estrogênios, HCG).
- Antibióticos.
- Anti-hipertensivos.
- Antiarrítmicos.
- Anfetaminas.
- Antiácidos estomacais.
- Antidepressivos.
- Antipsicóticos.
- Anticonvulsivantes.
- Antirretrovirais.
- Anti-vômitos.
- Drogas de Abuso: Maconha, anfetaminas.
- Álcool.
Em alguns casos, a ginecomastia ocorre sem uma causa definida (ainda não conhecida).
3. Quando Procurar Ajuda Médica e Quais Informações Relatar?
É importante procurar auxílio médico-endocrinológico diante de um quadro de ginecomastia para:
- Fazer o diagnóstico correto da ginecomastia.
- Identificar a causa dela.
- Excluir causas malignas (câncer de mama masculino, que é raro, mas precisa ser investigado).
- Instituir o tratamento adequado, se necessário.
3.1. O Que Relatar ao Médico:
Ao procurar o médico, é importante fornecer as seguintes informações sobre a ginecomastia:
- A idade em que ela se iniciou.
- A rapidez com que está progredindo.
- Uso de medicações (atuais ou recentes) ou drogas (lícitas ou ilícitas).
- História familiar de ginecomastia ou problemas genéticos.
- Sintomas de disfunção sexual.
- Presença de secreção mamilar.
3.2. Quais Tipos de Ginecomastia Merecem Maiores Investigações?
Certas características da ginecomastia acendem um alerta e exigem uma investigação mais aprofundada:
- Ginecomastia em meninos pré-púberes.
- Ginecomastia muito grande.
- Ginecomastia progressiva (que está crescendo rapidamente).
- Ginecomastia assimétrica (especialmente se não for no período neonatal ou puberal, onde pequenas assimetrias podem ser fisiológicas).
- Ginecomastia associada a endurecimento, nódulos fixos, secreção mamilar ou alterações na pele da mama.
4. Tratamento da Ginecomastia
4.1. Quando Tratar a Ginecomastia?
O tratamento da ginecomastia é indicado principalmente em situações de:
- Dor importante na região mamária.
- Constrangimento psicossocial significativo.
4.2. Tipos de Tratamento:
- Medicamentoso.
- Cirúrgico.
4.3. Tratamento Medicamentoso:
- Quando Fazer: De preferência, deve ser iniciado até 6 meses do início de seu aparecimento. Após esse período, as chances de resposta medicamentosa diminuem significativamente, pois o tecido mamário pode ter se fibrosado.
- Medicações Usadas:
- Drogas antiestrogênicas: Clomifeno, Tamoxifeno.
- Drogas antiandrogênicas: Danazol.
- Inibidores da aromatase: Testolactona, Anastrozole.
4.4. Duração da Ginecomastia (Prognóstico):
Por ser, muitas vezes, autolimitada, a ginecomastia pode não requerer tratamento e desaparecer por completo:
- No Período Neonatal: Demora poucas semanas ou mais.
- No Período Puberal: De 1 a 2 anos aproximadamente.
- Ginecomastia Induzida por Drogas: A regressão completa pode ocorrer após a suspensão da droga, desde que a fibrose ainda não tenha se instalado. Após o estágio de fibrose, independentemente da causa, ocorre pouca ou nenhuma regressão (o tecido mamário endurece).