Câncer de Tireóide: Tipos, Diagnóstico e Tratamento  


O câncer de tireóide é um tipo de tumor maligno que afeta a glândula tireoidiana. Embora seja um diagnóstico que gera preocupação, ele é um dos cânceres com melhor prognóstico e alta taxa de cura , especialmente quando detectado e tratado precocemente.

Nesta seção, o Dr. Ricardo Amim da Costa detalha o que você precisa saber sobre o câncer de tireóide.


1. O que é Câncer de Tireóide?

O câncer de tireóide é um tumor maligno que se desenvolve nas células da glândula tireóide. Ele corresponde a menos de 1% de todas as neoplasias malignas e cerca de 5% dos nódulos tireoidianos detectados ao ultrassom.

É a neoplasia endócrina mais comum , respondendo por 90% dos casos. Além disso, é um dos cânceres com a melhor resposta ao tratamento , com exceção do câncer de pele.

1.1. Incidência e Fatores Gerais:

  • É três a quatro vezes mais frequente nas mulheres , porém costuma ser mais agressivo nos homens.
  • É mais comum após a sexta década de vida, mas pode aparecer em qualquer idade.
  • A mortalidade é mais baixa em jovens, com piora do prognóstico em pacientes mais idosos.

2. Tipos Histológicos e Incidência

O câncer de tireóide é classificado em diferentes tipos histológicos, cada um com características e prognósticos distintos:

  • Carcinoma Papilífero:
    • Incidência: 70% a 80% dos casos.
    • Características: É o carcinoma diferenciado mais frequente e geralmente o menos agressivo, com excelente prognóstico.
  • Carcinoma Folicular:
    • Incidência: 15% a 20% dos casos.
    • Características: Também considerado diferenciado e de bom prognóstico.
  • Carcinoma Insular (ou Mal Diferenciado):
    • Características: Considerado pobremente diferenciado, com comportamento mais agressivo que os tipos papilífero e folicular.
  • Carcinoma Medular:
    • Incidência: 5% a 8% dos casos.
    • Características: Pode estar relacionado a casos genéticos e síndromes endócrinas múltiplas. É considerado mais agressivo que os tipos diferenciados.
  • Carcinoma Anaplásico:
    • Incidência: 1% a 3% dos casos.
    • Características: São os mais agressivos e de pior prognóstico, com crescimento rápido e difícil controle.

3. Como é Feito o Diagnóstico de Câncer de Tireóide?

O diagnóstico do câncer de tireóide geralmente segue um protocolo de investigação:

  1. Detecção de Nódulo Tireoidiano: A investigação começa quando um nódulo na tireóide é detectado (seja por palpação ou por exames de imagem).
  2. Ultrassonografia: É o primeiro exame complementar para caracterizar o nódulo (tamanho, localização, características de suspeição).
  3. Punção Aspirativa com Agulha Fina (PAAF):
    • Em caso de nódulos suspeitos ou maiores que 1 cm, é realizada uma PAAF do nódulo.
    • O objetivo é obter células para análise citológica e tentar elucidar suas características histológicas (se é benigno, maligno, ou indefinido).
  4. Decisão Baseada no Resultado da PAAF:
    • Conforme o resultado da PAAF, pode-se indicar a cirurgia da tireóide para retirada do nódulo e biópsia definitiva do mesmo (o que confirmará o diagnóstico e o tipo histológico).
    • Ou, em alguns casos (especialmente nódulos pequenos com características indeterminadas e sem grande suspeita), pode ser indicado apenas o acompanhamento ultrassonográfico para avaliar o crescimento do nódulo ou o aparecimento de novas características suspeitas.

Portanto, a biópsia (seja por PAAF ou após a cirurgia) é o exame definitivo que confirma se o nódulo é maligno e determina seu tipo histológico.


4. Como é Realizado o Tratamento do Câncer de Tireóide?

O tratamento do câncer de tireóide é individualizado e depende de diversos fatores:

  • Tipo histológico (papilífero, folicular, medular, anaplásico).
  • Tamanho do tumor .
  • Presença de metástases (divulgação para outros locais).
  • Idade do paciente .

As principais modalidades de tratamento incluem:

  • Cirurgia:
    • É o tratamento principal e inicial para a maioria dos cânceres de tireóide.
    • Em alguns casos (tumores pequenos e de baixo risco), a cirurgia pode ser suficiente para a cura.
  • Iodo Radioativo (Iodo-131):
    • Pode ser necessário após a cirurgia, especialmente em casos de tumores maiores, com invasão de estruturas vizinhas ou metástases.
    • O objetivo é destruir quaisquer restos de células tireoidianas (incluindo células cancerígenas) que possam ter permanente no pescoço.
  • Radioterapia Externa:
    • Em casos mais raros e agressivos, como o carcinoma anaplásico, a radioterapia externa pode ser utilizada.
  • Quimioterapia e Terapias-Alvo:
    • São opções reservadas para tipos de câncer de tireóide mais agressivos e/ou em estágio avançado, ou quando outras terapias não são eficazes.

5. Acompanhamento Pós-Tratamento

O acompanhamento dos pacientes tratados de câncer de tireóide é fundamental para monitorar a recorrência da doença e garantir a qualidade de vida.

  • Terapia Hormonal de Supressão de TSH:

    • Esses pacientes devem usar hormônios tireoidianos (Levotiroxina) por via oral.
    • A dose é ajustada para ser "supra-fisiológica" , ou seja, uma dose mais alta do que a necessidade apenas para repor os hormônios.
    • O objetivo é, além de fornecer os hormônios que o tireóide não produz mais (após a remoção cirúrgica), suprimir a produção de TSH pela hipófise . O TSH é um hormônio que estimula o crescimento do tecido tireoidiano, e sua supressão ajuda a inibir o crescimento de possíveis células cancerígenas remanescentes.
  • Dosagem de Tireoglobulina (Tg):

    • A tireoglobulina é uma proteína produzida somente pelo tecido tireoidiano .
    • A dosagem sérica da tireoglobulina é um marcador tumoral importante no acompanhamento. Níveis elevados podem indicar a presença de tecido tireoidiano (normal ou cancerígeno) que não foi totalmente extirpado na cirurgia ou na recorrência da doença.
  • Cintilografia de Varredura com Iodo:

    • Também pode ser consultado periodicamente em alguns casos para identificar a presença de tecido tireoidiano funcional (normal ou maligno) no corpo.
  • Consultas Periódicas: O paciente deve ser consultado periodicamente por um endocrinologista ou oncologista para monitoramento, exames e ajustes no tratamento.

 

 

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