O Diabetes Mellitus (DM) é uma condição crônica que afeta milhões de pessoas globalmente. Compreender o que é a doença, seus tipos, como diagnosticá-la e, principalmente, como controlá-la, é fundamental para uma vida saudável e a prevenção de complicações.
Nesta seção, o Dr. Ricardo Amim da Costa oferece um guia completo sobre o Diabetes Mellitus, abordando desde os conceitos básicos até as nuances do tratamento com insulina e o manejo da hipoglicemia.
O Diabetes Mellitus é caracterizado pela incapacidade ou fraqueza do pâncreas em produzir insulina, ou pela incapacidade do corpo de utilizá-la eficazmente (condição conhecida como resistência à insulina).
Existem dois tipos principais de Diabetes Mellitus:
Além da obesidade, outros fatores aumentam a chance de desenvolver DM2:
O diagnóstico é feito através de exames laboratoriais específicos:
Importante: Exames feitos em aparelhos de glicemia capilar (pontinha de dedo) NÃO são utilizados para fazer o diagnóstico; eles devem ser confirmados por exames laboratoriais.
O Pré-Diabetes é um estado intermediário, definido laboratorialmente, onde o indivíduo apresenta valores de glicemia acima do normal, mas ainda não em níveis que caracterizem diabetes. É um alerta para a necessidade de mudança de hábitos.
O uso de medicamentos no pré-diabetes pode ser indicado em casos de:
Os sintomas mais comuns de diabetes incluem:
Atenção: Na grande maioria dos casos, o diabetes é silencioso, sem muitos sintomas perceptíveis. Isso representa um grande perigo, pois muitas pessoas só descobrem ou tratam a doença em fases avançadas, quando as complicações já se instalaram.
O diabetes pode levar a complicações agudas (curto prazo) e crônicas (longo prazo), que afetam diversos sistemas do corpo e podem ser graves se a doença não for controlada.
São situações de emergência que requerem atenção médica imediata:
Tanto a hiperglicemia quanto a hipoglicemia, se não tratadas a tempo, podem levar a perda da consciência, coma e até a morte.
Resultam do acometimento crônico dos vasos sanguíneos e nervos pelo processo inflamatório e pelos altos níveis de glicose. Podem ser classificadas em microvasculares e macrovasculares:
Infarto e derrame cerebral são as principais causas de morte em diabéticos.
Trabalhos científicos demonstram que, com o diabetes bem controlado, mantendo as taxas de glicose e hemoglobina glicada próximas da normalidade, os riscos de desenvolver complicações são significativamente menores. O controle glicêmico rigoroso é a chave.
A primeira e mais crucial medida no tratamento do diabetes é a DISCIPLINA. Sem ela, o diabético está propenso a desenvolver complicações precocemente, comprometendo sua qualidade de vida e longevidade.
Ser disciplinado significa:
Para quem não tem o hábito de ser disciplinado, é necessário MUDAR seu ESTILO DE VIDA!
Os carboidratos são um dos seis tipos de nutrientes que oferecemos ao nosso organismo. São a principal fonte de energia rápida para o corpo. São encontrados em massas, farinhas, arroz, milho e, principalmente, no açúcar. No diabetes, a qualidade e quantidade de carboidratos são cruciais.
Uma alimentação balanceada é pilar fundamental no controle do diabetes:
Os exercícios físicos ajudam a manter o corpo em forma e a diminuir a gordura corporal, que é um dos principais fatores de risco para o diabetes, pois dificulta a ação da insulina (resistência insulínica).
Além disso, os músculos são grandes consumidores de glicose. Eles possuem depósitos de energia (glicogênio) que podem ser usados sem a necessidade de insulina. Quanto mais exercícios o diabético fizer, mais glicose será consumida, sem sobrecarregar o pâncreas.
Todo diabético deve monitorar suas glicemias no domicílio. Mesmo sem usar insulina, a medição periódica ajuda no controle da doença e na prevenção de complicações.
Para minimizar o desconforto da picada:
A escolha da medicação depende do tipo de diabetes, sintomas, níveis de glicemia/HbA1c e contraindicações de cada paciente:
Insulina é um hormônio proteico produzido pelo pâncreas. Sua função principal é manter a glicemia dentro dos limites normais, permitindo que a glicose entre nas células. As insulinas utilizadas para uso externo são hoje produzidas através de técnicas de DNA recombinante (insulina humana), sendo mais puras e seguras. O que difere os tipos de insulina é o tempo de início de ação, pico máximo de ação e tempo de duração.
O uso de insulina é indicado em diversas situações:
As insulinas são classificadas pelo seu perfil de ação:
As insulinas podem ser encontradas em:
A conservação correta da insulina garante sua eficácia:
Atenção: Embora alguns estudos e diretrizes antigas mencionassem a possibilidade de reutilização de seringas e agulhas descartáveis na mesma pessoa por um número limitado de vezes, sob condições de higiene rigorosas, esta prática NÃO é universalmente recomendada pela maioria dos órgãos de saúde e fabricantes atualmente. O risco de infecção e a perda de afiação da agulha (tornando a aplicação mais dolorosa e danificando a pele) são preocupações significativas. O ideal é usar uma seringa e agulha nova a cada aplicação. Consulte sempre seu médico para as melhores práticas e diretrizes mais atuais.
Deve-se evitar a reutilização em qualquer circunstância se houver pouca higiene pessoal, doenças agudas, feridas abertas, imunidade baixa, visão ou destreza manual limitada.
Para garantir a dose correta, caso haja dificuldade visual:
É crucial fazer o rodízio dos locais de aplicação para evitar lipo-hipertrofia (acúmulo de gordura no local da picada, que impede a absorção adequada da insulina) e outras lesões. As áreas recomendadas são:
A distância recomendada entre uma aplicação e outra no mesmo local é de, no mínimo, 3 cm.
A técnica bem feita deve ser indolor.
Esta técnica exige precisão para evitar contaminação do frasco de NPH. Ordem é crucial: Primeiro a Regular (transparente), depois a NPH (leitosa).
As canetas de insulina são dispositivos injetores automáticos, do tamanho de uma caneta, fáceis de transportar e manusear.
Atenção: Jamais faça a aplicação por cima da roupa.
Canetas Reutilizáveis | Doses Reguláveis em Unidades | Quantidade Máxima por Aplicação (Unidades) |
---|---|---|
Novopen 3 ® | 1 em 1 | 70 |
Novopen 3 Demi ® | 0,5 em 0,5 | 35 |
Humapen Luxura ® | 1 em 1 | 60 |
Humapen Ergo ® | 1 em 1 | 60 |
Opti Pen Pro 1® | 1 em 1 | 60 |
Quick Pen® | 1 em 1 | 60 |
Autopen 24 verde® | 1 em 1 | 21 |
Autopen 24 azul® | 2 em 2 | 42 |
Canetas Descartáveis | Insulina Utilizada | Doses Reguláveis em Unidades | Quantidade Máxima de Insulina por Aplicação (Unidades) |
---|---|---|---|
FlexPen® | Levemir® | 1 em 1 | 60 |
FlexPen® | Novorapid | 1 em 1 | 60 |
FlexPen® | NovoMix 70/30 | 1 em 1 | 60 |
Lantus Optiset® | Lantus | 1 em 1 | 60 |
Lantus® Solo STAR® | Lantus | 1 em 1 | 80 |
Apidra® Solo STAR® | Apidra | 1 em 1 | 80 |
É a queda da glicose sanguínea para valores menores que 70 mg/dl. É uma condição que exige atenção imediata.
Os sintomas podem variar, mas os mais comuns incluem:
A hipoglicemia pode ser desencadeada por:
O tratamento depende do estado de consciência do paciente.
Ingerir 15 gramas de carboidrato de rápida absorção (regra dos 15):
Observação: Em pacientes que usam acarbose (medicamento que inibe a absorção de carboidratos), deve-se usar glucagon injetável ou açúcar puro (glicose), pois o acarbose inibe a absorção de carboidratos complexos.
Aguardar 15 minutos.
Medir a glicemia novamente. Se ainda estiver <70 mg/dl, ingerir nova porção de 15g de carboidrato e repetir o processo até a glicemia ser maior que 100 mg/dl.
Após a recuperação, fazer um lanche mais completo (carboidrato complexo + proteína) para evitar nova queda.
Em ambas as situações (consciente ou inconsciente), quando a glicemia estiver estável: