O que é Diabetes mellitus Gestacional (DMG)?
É uma intolerância aos carboidratos de intensidade variada com início ou detectada na gestação, podendo persistir ou não após o parto, ocorrendo em 1 a 14% de todas as gestações.
O que causa o DMG?
A elevação de vários hormônios na gravidez tais como o lactogênio placentário, estrógenos, progesterona, prolactina e cortisol, juntamente com o aumento de peso corporal na gravidez, favorecem ao aumento da resistência insulínica nos tecidos periféricos – a insulina não consegue agir adequadamente nos tecidos periféricos, obrigando o pâncreas a aumentar a produção de insulina para conseguir guardar a glicose ofertada para dentro das células. Se a gestante já possuía a propensão genética de algum dia desenvolver o diabetes (“pâncreas fraco”), todo esse ambiente criado na gestação, favorece ao seu aparecimento mais precocemente.
Quem tem mais propensão a desenvolver o DMG?
- Gestantes com mais de 30 anos;
- Gestantes obesas (IMC igual ou maior que 30kg/m²)
- Gestações anteriores com DMG;
- História de diabetes em familiares de 1º grau;
- Gestantes com exame de urina rotina mostrando perda de glicose;
- História pregressa de abortamentos espontâneos;
- História pregressa de filhos nascidos com mais de 4kg;
- Portadoras de síndrome dos ovários policísticos (SOP);
- Gestantes usuárias de corticosteróides;
- Gestantes com glicemia de jejum maior ou igual a 85mg/dl.
Como é feito o diagnóstico do DMG?
Todas as gestantes que apresentam propensão ao desenvolvimento da DMG conforme listado acima, devem ser rastreadas para DMG ao diagnóstico da gravidez e entre a 24ª a 28ª semanas de gestação. O rastreamento é realizado primeiro com a avaliação da glicemia 1 hora após uma sobrecarga oral de 50g de glicose. Caso a glicemia esteja acima de 140mg/dl solicita-se o exame de teste de tolerância oral à glicose (TTOG) com 75g de glicose. Dosa-se as glicemias em jejum e 1 e 2 horas após a ingestão de um líquido adocicado (dextrosol a 75g). O ideal seria que a glicemia de jejum fosse menor que 95mg/dl, a glicemia após 1h do dextrosol menor que 180mg/dl, e após 2h menor que 155mg/dl. É considerado diabetes mellitus gestacional quando 2 desses resultados derem acima dos valores referidos.
Como deve ser feito o tratamento do DMG?
- Acompanhamento regular com equipe multidisciplinar (endocrinologista, obstetra, nutricionista e educador);
- Orientação nutricional;
- Atividade física moderada (ex. caminhada, hidroginástica, pylates);
- Manter hemoglobina glicosilada menor que 6%;
- Monitorização da glicemia capilar, caso indicado uso de insulina;
- Controle do ganho de peso;
- Controle da pressão arterial (menor que 130x80 mmhg)
- Medicações quando necessário (insulina de preferência, e ou anti-diabéticos orais)
Quais são as metas que indicam um bom controle do DMG?
Glicemias de jejum e pré-prandial entre 80 a 110mg/dl;
Glicemias 2 horas pós prandial abaixo de 155mg/dl;
Hemoglobina glicada menor ou igual a 6%.
Por que deve ser bem tratado o DMG?
Para evitar risco de complicações:
- Maternas: aumento do líquido aminiótico, parto prematuro, tendência maior à hipertensão arterial – toxemia gravídica, tendência maior às infecções urinárias.
- Fetais: aborto espontâneo, óbito intra-uterino, malformações, alto peso ao nascer, traumas durante o parto, hipoglicemias, icterícias, síndrome do estresse respiratório, etc.
Quais os cuidados no pós-parto devem adotar as pacientes que tiveram DMG?
O aleitamento materno deve ser estimulado, pois além dos benefícios para o recém-nascido, ajuda a mãe na redução de peso pelo maior gasto calórico.
A grande maioria das mulheres não necessitará mais do uso da insulina ou de medicações, mas é interessante manter o controle glicêmico com glicemias capilares por um certo período. Em alguns casos é necessário manter a insulina com ajuste das doses.
Devido ao alto risco de desenvolvimento de diabetes em gestantes que tiveram DMG, é necessário mudanças no estilo de vida para que isso não venha a acontecer. Dieta mais saudável, atividade física regular, manutenção do peso corporal adequado para altura, acompanhamento periódico das glicemias e hemoglobina glicada, sendo que um novo teste de tolerância a glicose deve ser realizado 6 meses após o parto.
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