A tireóide, uma glândula fundamental para o nosso metabolismo, pode, em alguns casos, funcionar de forma acelerada, produzindo hormônios em excesso. Essa condição, conhecida como hipertireoidismo, afeta diversas funções do corpo.
Nesta seção, o Dr. Ricardo Amim da Costa esclarece o que é o hipertireoidismo, suas causas, sintomas e as diferentes abordagens para o tratamento.
A tireóide é uma glândula localizada na região anterior do pescoço, abaixo da cartilagem conhecida como pomo de adão ou gogó. Essencial para o bom funcionamento de todas as células do nosso corpo, ela produz dois hormônios principais:
Esses hormônios não possuem uma ação específica, mas são vitais como auxiliares no trabalho de todas as células, atuando desde as unhas dos pés até os cabelos e regulando nosso metabolismo de forma geral.
O hipertireoidismo é uma doença caracterizada pela alta produção de hormônios tireoidianos (T3 e T4). Com uma quantidade aumentada desses hormônios, as células do nosso corpo passam a trabalhar de forma acelerada, rápida e desorganizada, resultando em um metabolismo acelerado.
Como explicado, o TSH não é produzido pela tireóide, mas sim pela hipófise. Essa glândula, localizada no centro da cabeça, é o centro de comando de várias outras glândulas (tireóide, ovários, testículos, suprarrenais, etc.).
No caso do hipertireoidismo, a tireóide já está produzindo hormônios em excesso. A hipófise, ao perceber essa alta concentração de T3 e T4 no sangue, diminui drasticamente a produção de TSH na tentativa de "frear" a tireóide e reduzir sua atividade. O TSH é o "mensageiro" nesse processo de feedback.
A produção excessiva de T3 e T4 pela tireóide pode ter diversas causas:
Minha obstetra pediu exame de TSH no início da gravidez e houve diminuição da concentração na corrente sanguínea. Isso é considerado hipertireoidismo?
Não necessariamente. Pode se tratar apenas de uma queda fisiológica do TSH durante o primeiro trimestre da gestação. Isso ocorre porque o beta-HCG, hormônio produzido pela placenta, possui uma semelhança estrutural com o TSH e, assim, estimula a tireóide a produzir um pouco mais de T3 e T4 no início da gravidez. Essa adaptação é fundamental para o bom desenvolvimento do feto.
Por outro lado, é crucial uma avaliação médica aprofundada. Se a gestante apresentar exames muito alterados ou sintomas de metabolismo muito acelerado, pode ser que ela esteja realmente sofrendo de hipertireoidismo e necessite de tratamento adequado.
Devido ao aumento acentuado do metabolismo, uma pessoa com hipertireoidismo pode apresentar as seguintes queixas:
No caso de hipertireoidismo causado pela Doença de Graves (tireoidite autoimune), também podem aparecer:
Importante: Em muitos casos, os pacientes podem não apresentar sintomas, ou os sintomas podem ser atípicos, especialmente em idosos.
O bócio, também conhecido como papo, é um aumento acentuado do volume da tireóide, causando abaulamento do pescoço. No hipertireoidismo, o bócio pode ocorrer na Doença de Graves devido ao estímulo de anticorpos que se ligam aos receptores do TSH, promovendo o crescimento das células tireoidianas.
Sim, o hipertireoidismo tem tratamento! Existem três formas principais de abordar a condição:
Antitireoidianos: Existem dois medicamentos principais que bloqueiam a tireóide na produção excessiva de hormônios:
Beta-Bloqueadores: Em alguns casos, são usados medicamentos para diminuir os efeitos do excesso de hormônios tireoidianos no organismo (ex: propranolol, atenolol), aliviando sintomas como palpitações e tremores.
A necessidade de tratamento, mesmo na ausência de sintomas, deve ser avaliada criteriosamente caso a caso pelo médico.
Importante: Somente o médico é capaz de avaliar a necessidade e a modalidade adequada de tratamento para cada paciente.